segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Lembranças ...

"Era prazer? Era.
Mas era mais que prazer. Era alegria.
A diferença? O prazer só existe no momento.
A alegria é aquilo que existe só pela lembrança.
O prazer é único, não se repete.
Aquele que foi, já foi. Outro será outro.
Mas a alegria se repete sempre.
Basta lembrar."

         Rubem Alves

domingo, 29 de janeiro de 2012

Sobre a Maturidade...

    
 Maturidade é saber controlar a ira ou resolver as diferenças sem violência nem destruição;  é a liberdade de recusar um prazer momentâneo em nome de uma felicidade duradoura.
É perseverança e habilidade para realização de um projeto, apesar dos obstáculos ou dos fracassos desanimadores; é a capacidade de enfrentar desgraças, frustrações, incômodos e derrotas sem lamentações nem prostrações.
É humildade, é ter a coragem de reconhecer quando se está enganado ou, se a razão estiver do nosso lado, não experimentar a satisfação de dizer "eu o avisei".   

·            
Maturidade é tomar uma decisão e sustentá-la. As pessoas imaturas passam a vida explorando, possibilidades sem fim e terminam por não fazer nada de positivo.
Significa cumprir com a palavra. As pessoas imaturas são mestras em dar desculpas, vivem confusas e não sabem como se organizar; suas vidas se transformam em uma longa corrente de promessas quebradas, de amizades passageiras, de negócios inconclusos e de boas intenções que nunca se materializam.   
·          
Maturidade 
é a arte de viver em paz com situações imutáveis ou ter a coragem de mudá-las quando as circunstâncias exigirem.


(Retirado do livro: "Gotas de Ânimo" de Margot)

A solidão é invisível...

Uma mulher entra no cinema, sozinha. Acomoda-se na última fila. Desliga o celular e espera o início do filme. Enquanto isso, outra mulher entra na mesma sala e se acomoda na quinta fila, sozinha também. O filme começa.

Charada: qual das duas está mais sozinha?

Só uma delas está realmente sozinha: a que não tem um amor, a que não está com a vida preenchida de afetos. Já a outra foi ao cinema sozinha, mas não está só, mesmo numa situação idêntica a da outra mulher. Ela tem uma família, ela tem alguém, ela tem um álibi.

Muitas mulheres já viveram isso – e homens também. Você viaja sozinha, almoça sozinha em restaurantes, mas não se sente só porque é apenas uma contingência do momento – há alguém a sua espera em casa. Esta retaguarda alivia a sensação de solidão. Você está sozinha, não é sozinha.
Então de repente você perde seu amor e sua sensação de solidão muda completamente. Você pode continuar fazendo tudo o que fazia antes – sozinha – mas agora a solidão pesará como nunca pesou. Agora ela não é mais uma opção, é um fardo.

Isso não é nenhuma raridade, acontece às pencas. Nossa percepção de solidão infelizmente ainda depende do nosso status social. Se você tem alguém, você encara a vida sem preconceitos, você expõe-se sem se preocupar com o que pensam os outros, você lida com sua solidão com maturidade e bom humor. No entanto, se você carrega o estigma de solitária, sua solidão triplicará de tamanho, ela não será algo fácil de levar, como uma bolsa. Ela será uma cruz de chumbo. É como se todos pudessem enxergar as ausências que você carrega, como se todos apontassem em sua direção: ela está sozinha no cinema por falta de companhia! Por que ninguém aponta para a outra, que está igualmente sozinha?

Porque ninguém está, de fato, apontando para nenhuma das duas. Quem aponta somos nós mesmos, para nosso próprio umbigo. Somos nós que nos cobramos, somos nós que nos julgamos. Ninguém está sozinho quando curte a própria companhia, porém somos reféns das convenções, e quando estamos sós, nossa solidão parece piscar uma luz vermelha chamando a atenção de todos. Relaxe. A solidão é invisível. Só é percebida por dentro.

Martha Medeiros
perfeito! S. G.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Só o tempo...

"O que mais nos dói e atrapalha na morte de quem amamos, de imediato, é o desaparecimento súbito do corpo. Essa repentina falta de assunto para os olhos físicos, bem acostumados que são com o tom da pele, o jeito dos cabelos, os diferentes desenhos de sorriso para cada contexto, a linguagem do olhar, a expressão corporal que cada um tem para falar e silenciar. E também o som da risada, o registro da voz, a textura do abraço, músicas que os sentidos ouvem e correm pra contar para o coração.
Fica, de cara, uma ausência esquisita. Esse estranho fechamento das cortinas quando o show continua a acontecer para nós. Essa inexistência física de um lugar para onde ir que nos permita encontrar o que habitualmente encontrávamos. Até nos darmos conta de que existem outros olhos para ver, a tristeza nos perturba. E dói. Dói muito.
  Depois que a minha avó morreu, muitas vezes eu me flagrei tirando o telefone do gancho no ímpeto amoroso de ligar para ela para dividir alguma alegria ou algum desconcerto, como eu sempre fazia. Era um embaraço constatar, segundos depois, ao ouvir o sinal da linha, que, pelos meios materiais, não havia um número para o qual eu poderia discar e ela pudesse atender com a voz que era dela.
Somente o tempo me trouxe o conforto de aprender a encontrá-la no meu coração. De ouvir as coisas que ela certamente me diria se pudesse me dizer. De ver e sentir o seu sorriso tão nítido, tão próximo, na minha memória, que faz tudo ficar ensolarado, mesmo quando é cinza o céu do meu momento. Ninguém morre quando continua no outro. Mas só o tempo nos ensina o caminho dessa mágica do amor. Só o tempo, esse cicatrizante."  

Ana Jácomo



"Quando a gente gosta, a gente começa emprestando um livro,

depois um casaco, um guarda-chuva,
até que somos mais emprestados do que devolvidos.
Gostar é não devolver, é se endividar de lembranças."

Fabricio Carpinejar

Superação...

"Não grite sua dor aos quatro ventos, procure ajuda. Não exponha demais suas mazelas, respeite seu luto e o silêncio que vem junto. A vida é cíclica e tudo faz sentido, mesmo que demore muito. E não deixe nunca de confiar no seu poder de superação: é a maior dádiva que a vida nos deu".

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Latejando...

"O tempo nem sempre cura tudo. Tenho feridas que já cicatrizaram, mas que insistem em latejar quando o dia está nublado".


Constatação...

"Porque, às vezes, o que chamamos de amor não passa de um amontoado de coisas velhas que não conseguimos jogar fora.".

Sede de mudanças!

"Estou com sede de mudanças, 
mas não quero arrastar os móveis,
nem desentortar os quadros. 
Quero desabitar meus hábitos."

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Acorda!!


"Acorda da letargia da rotina que te enrijece e desperta para o encontro com o inusitado.
Abre as comportas da certeza cega que te obscurece e deixa que a dúvida transborde as tuas margens.
Rompe as cadeias da disciplina automática que te oprime e libera o ímpeto de ser algo novo.
Afugenta, do teu lado, o fantasma do medo e de errar e faz do risco o companheiro de tua caminhada.
Deixa de enfrentar o problema que te inquieta e cria as condições para que ele se desfaça por si próprio.
Aquieta a turbulência do ter cada vez mais e conquista o necessário à tua liberdade.
 
Despeja, de teus aposentos, a segurança que te tranqüiliza o sono e deixa que a magia do incerto floresça em teus sonhos.
Quebra a redoma do ego que te contém e desfruta o vácuo do não ser.
 
Pára de ruminar o passado e de salvar o futuro e degusta o sabor da totalidade deste momento..."

Ruy de A. Mattos

domingo, 22 de janeiro de 2012

As palavras só tem sentido...

"As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor.
Aprendemos palavras para melhorar os olhos."

Rubem Alves

O choro secou...

O choro secou. Um outono doce impera com seu aconchego de amor e lucidez, suaves. E esse abraço aveludado que chegou repentinamente, num calorzinho de cuidados e curas. Não restam mais feridas. A dor perdeu seu lugar na minha rotina e foi procurar outros rumos. Tenho novos sonhos e um sono novo e profundo. Suavemente tudo mudou de ritmo e celebrei o tempo de cada novo passo. A princípio tive tanta ansiedade, porque tudo parecia um turbilhão, mas de que adianta tentar pular aprendizados? Se é de poesia que o poeta precisa, vamos a ela e não mais à repetição de uma melancolia eterna e bem aprimorada. Chuva e sol, calor e frio: eis o equilíbrio da vida. Se eu nasci com o sorriso mais largo do mundo, não vou entristecer o meu olhar nem anestesiar minha alegria. O choro secou. Já era tempo de prestar mais atenção em outras cores, promover como prediletas outras flores e entrar no mar sem medo, furando a onda com respeito e repetindo a cena com entrega e confiança. Nada ficou fragmentado. Saí inteira e o amor em mim transborda: pele aceitando carícia, olhar brilhando com a menor das delícias. O toque é novo e a respiração tranquila. Às vezes ainda ofego um pouco, mas quem disse que artista nasceu para sentir pouco? Importante agora é que o choro secou. Antes o meu pranto era cego. Tive que olhar longamente no espelho pra saber o que ainda poderia resgatar de mim. Não quis nada do que restou, quis o meu sorriso novo, minhas portas abertas e a vontade de saltar novamente no desconhecido. E hoje eu só choro se for de alegria.

Sobre afastamentos...


Os afastamentos acontecem e fazem parte da vida. As pessoas têm suas coisas, suas vidas. Nos últimos tempos, falta tempo. Falta tempo para muita gente.
Tenho pensado muito nisso. Queria parar e ligar para as pessoas queridas que há muito não vejo. Fico triste porque a rotina de compromissos me afasta do próprio desejo. Esqueço e, quando lembro, já não há tempo.
Quem está afastado, porém, não precisa estar distante.
Amigo que é amigo, sempre está presente. Os amigos ficam conosco. Onde quer que estejamos, nos acompanham. É quase uma sina. Ficam pertinho, apesar de estarem a quilômetros, às vezes. 
Aprendi há muito tempo que os amigos não são apenas eles e suas roupas, manias, gostos e sorrisos. São tudo isso e o que por eles sentimos. É assim que nos transformamos em amigos. Para tê-los presentes, os amigos não precisam acampar em nossos caminhos. Eles simplesmente ficam. E continuam ficando, queridos, presentes, a despeito da falta de um abraço gostoso. 
Neste momento, por exemplo, estou acompanhado enquanto escrevo. Ficamos por aqui, solitários no garimpo dos pensamentos. Estamos eu, o computador e não sei quantas pessoas queridas. Muitas delas, há anos não vejo. Solenes, dividimos o silêncio barulhento da criação. Tomam um cafezinho, zombam de minhas dificuldades, participam de minhas angústias, alegrias e necessidades. Ninguém vê, ninguém de fora sente. Eles estão em mim, na verdade. 
Mesmo que não se queira, as pessoas que importam passam a fazer parte da gente. Talvez por isso, seja tão difícil a amizade. O perfume do amigo é permanente, não sai. E o que fizermos de errado ficará, para sempre, com o perfume de nossa gente, de nossos amigos. 
No fundo, no fundo, os afastamentos não deveriam incomodar. Por uma ligação qualquer, uma internet intergalática que não usa Windows nem cai no meio do bate-papo, volto a conversar, mesmo sem querer, com as pessoas de quem gosto. 
Escrevo agora e sinto os perfumes de muitas amizades. Emprestam palavras, sugerem sentimentos e dão a certeza de que, até nos piores apertos, sozinho eu não fico. 
Alguns médicos ainda não sabem, mas o corpo humano é formado por cabeça, tronco, membros e... amigos.

Maurício Cintrão

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Pegue as palavras...


"Quando você se sentir sozinho,

pegue o seu lápis e escreva.
No degrau de uma escada, no vão de uma janela,
no chão do seu quarto.
Escreva no ar, com o dedo na água, 
na parede que separa o olhar vazio do outro.
Recolha a lágrima a tempo,
antes que ela apague o sorriso e vá pingar pelo queixo.

E quando a ponta dos dedos estiver húmida,
pegue as palavras que lhe fizeram companhia e
comece a lavar o escuro da noite, tanto, tanto, tanto...
até que amanheça".


Rita Apoena


...Mas, se, infelizmente não tiveres a capacidade de escrever o que sentes...mergulhe nas palavras de outro alguém que sentes como tu...sinta sua dor , sua alegria, sua solidão, seu amor....compartilhe o seu coração!...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Viver, pesar de...

" Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora da minha própria vida."


Clarice Lispector, in "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres"




Quero ser livre e voar...

imagem: Alexia

A incerteza me leva, espreita.
O silêncio rasteja, chocalha.
A angústia derruba e ajeita;
Ajeita e a minha sorte baralha.

Sinto que o peso desta maleita,
Aceita o que na sorte nos calha...
Tudo me prende e me sujeita:
À dor que este meu corpo talha.

E se as mãos perderam o jeito…
Com o peso que levo no peito
Estou pronto para debandar.

Nas asas estendidas do vento
Sorrindo da dor e do tormento
Corpo; quero ser livre e voar...

Rogério Martins Simões

domingo, 15 de janeiro de 2012

Vidro e fogo!


"A vida é lâmpada acesa: vidro e fogo. Vidro que com um sopro se faz; fogo que com um sopro se apaga."



Padre António Vieira

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Descobrindo o maior tesouro...

Eu precisei percorrer muito caminho para entender que um dos maiores tesouros da vida humana, talvez o mais precioso, é a capacidade essencial de sentir amor e saber expressá-lo. E que boa parte das confusões, das discórdias, das invejas, das doenças, das armadilhas, surge da profunda dor que causa a temporária incapacidade de descobrir onde ele está.

Adélia Prado

O sonho é a ponte...

O sonho é a ponte
que vai do infinito ao infinito!
É a medida sem comparação,
é a presença do que se imagina.

Sonhar talvez só seja
reconhecer o que já nem a alma sinta
nem o próprio pensamento veja.

Ana Hatherly


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Como ser rico de verdade!


Campanha publicitária do Citibank espalhada pela cidade de São Paulo através de Outdoors:
                  
·         "Crie filhos em vez de herdeiros."
·         "Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete."
·         "Não deixe que o trabalho sobre sua mesa tampe a vista da janela."
·         "Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco e nenhuma para quem você ama."
·         "Para cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas."
·         "Por que as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?"
·         "Quantas reuniões foram mesmo esta semana? Reúna os amigos."
·         "Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça, vírgulas significam pausas..."
·         "...e quem sabe assim você seja promovido a melhor ( amigo / pai / mãe / filho / filha / namorada / namorado / marido / esposa / irmão / irmã.. etc.) do mundo!"
·         "Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas não sem amigos."
E para terminar:
"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim, ele saberá o valor das coisas e não o seu preço." 

Muito bom! S.G.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Do que a vida não se descreve...

Imagem: Victor


"Quero aprender a perguntar menos. Eu espero ansioso por este dia. Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei.

Quero que a matriz de minhas alegrias seja o que da vida não se descreve"

Padre Fábio de Melo