Definitivamente, viver não é fácil. Como somos frágeis, meu Deus. E como as
coisas mudam rápido. Não dá tempo para pensar, para juntar o que restou. Voltar
atrás é impossível. Ah, essas impossibilidades da vida. Elas nos pregam peças e
fazem lágrimas descerem pelo rosto afora.
Ah, se pudéssemos mudar o passado para o presente ser
totalmente transformado, renovado, remendado. Mas não. Não podemos retroceder,
tampouco buscar os cacos e soldar tudo com cola resistente. O jeito é, vez por
outra, olhar para trás com uma certa melancolia, uma dose de algum sentimento
sem nome, um tanto de vontade de voltar e amor.
Mas quer saber? O amor às vezes falha, falta, deixa lacunas.
É isso: o amor deixa lacunas impossíveis de preencher. O amor às vezes dá um
passo em falso, abandona, sai de cena abruptamente. O amor às vezes não
consegue segurar a mão forte e permanecer. É isso: o amor nem sempre
permanece.
Eu não quero que você perca a fé. Só quero que entenda que
nada vai voltar a ser como era antes. E como isso dói. É uma dor funda, que
remexe as sensações, que quase ofusca as lembranças, que sacode todos os
momentos vividos, que grita pela volta, que implora pela calma. Ah, se a gente
tivesse o dom da transformação. Se a gente conseguisse tirar a mágoa, a dor, a
raiva, a revolta, a briga, a palavra que entalou na garganta, o sofrimento
silencioso, a separação. Ah, se a gente pudesse riscar tudo o que passou e
escrever uma nova história. Mas eu não posso, você não pode. E só nos resta
esperar e torcer para que tudo fique, de alguma forma, bem.
Clarissa Corrêa
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