''Quanto tempo a gente
perde na vida? Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos
inteiros. Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, aí
mais tarde demora pra entender certas coisas, demora pra dar o braço a torcer.
Viramos adolescentes teimosos e dramáticos. Levamos um século para aceitar o
fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda para um novo amor, e já
adultos demoramos para dizer a alguém o que sentimos, demoramos para perdoar um
amigo, demoramos para tomar uma decisão.
Até que um dia a gente faz aniversário. 27 anos. Ou
41. Talvez 48. Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto. E a gente
descobre que o tempo não pode continuar sendo desperdiçado. Fazendo uma
analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo empatado no
segundo tempo e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro ou fazer
tabelas desnecessárias. Que esbanjamento. Não falta muito pro jogo acabar. É
preciso encontrar logo o caminho do gol.
Sem muita
frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso. Tudo o que a gente quer,
depois de uma certa idade, é ir direto ao assunto. Excetuando-se no sexo, onde
a rapidez não é louvada, pra todo o resto é melhor atalhar. E isso a gente só
alcança com alguma vivência e maturidade.
Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando,
não esperam sentados, não ficam dando voltas e voltas, não necessitam percorrer
todos os estágios. Queimam etapas. Não desperdiçam mais nada.
Uma pessoa é sempre bruta com você? Não é obrigatório conviver com ela.
O cara está enrolando muito? Beije-o primeiro.
A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro
enquanto espera.
Paciência só para o que importa de verdade. Paciência para ver a tarde
cair. Paciência para sorver um cálice de vinho. Paciência para a música e para
os livros. Paciência para escutar um amigo. Paciência para aquilo que vale
nossa dedicação.
Pra enrolação…atalho.
Martha Medeiros
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