Certa vez houve uma
inundação numa imensa floresta. O choro das nuvens que deveriam promover vida,
dessa vez anunciou a morte. Os grandes animais bateram em retirada fugindo do
afogamento, deixando até os filhos para trás. Devastavam tudo o que estava à
frente. Os animais menores seguiam seus rastros. De repente uma pequena
andorinha, toda ensopada, apareceu na contramão procurando a quem salvar.
As hienas viram a atitude da andorinha e ficaram
admiradíssimas. Disseram: “Você é louca! O que poderá fazer com um corpo tão
frágil?”. Os abutres bradaram: “Utópica! Veja se enxerga sua pequenez!”. Por
onde a frágil andorinha passava, era ridicularizada. Mas, atenta, procurava
alguém que pudesse resgatar. Suas asas batiam fatigadas, quando viu um filhote
de beija-flor debatendo-se na água, quase se entregando. Apesar de nunca ter
aprendido a mergulhar, ela se atirou na água e com muito esforço pegou o diminuto
pássaro pela asa esquerda e bateu em retirada,
carregando o filhote no bico.
Ao retornar, encontrou outras hienas, que não
tardaram a declarar: “Maluca! Está querendo ser heroína!”. Mas a andorinha não
parou; muito fatigada, só descansou após deixar o pequeno beija-flor em local
seguro. Horas depois, encontrou as hienas embaixo de uma sombra. Fitando-as nos
olhos, deu a sua resposta: “Só me sinto digna das minhas asas se eu as utilizar
para fazer os outros voarem.”
Moral escrita pelo próprio Augusto Cury:
Há muitas hienas e abutres na sociedade. Não
esperem muito dos grandes animais. Esperem deles, sim, incompreensões,
rejeições, calúnias e necessidade doentia de poder. Não os chamo para serem
grandes heróis, para terem seus feitos descritos nos anais da história, mas
para serem pequenas andorinhas que sobrevoam anonimamente a sociedade, amando
desconhecidos e fazendo por eles o que está ao seu alcance. Sejam dignos das
suas asas. É na insignificância que se conquistam os grandes significados, é na
pequenez que se realizam os grandes atos.
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