“ Fizeram a gente
acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes
dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora
marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma
laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não
contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar
nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é
só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada “dois em um”:
duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos
contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade
própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que
casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que
transam pouco são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé
torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para
todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram
que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que
podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar
isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você
estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se
apaixonar por alguém. ”
"Se você ama, diga que ama. Diga o seu
conforto por saber que aquela vida e a sua vida se olham amorosamente e têm um
lugar de encontro.
Diga a sua gratidão. O seu contentamento. A festa que acontece em você toda vez que lembra que o outro existe. E se for muito difícil dizer com palavras, diga de outras maneiras que também possam ser ouvidas. Prepare surpresas.
Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas. Reinaugure gestos de companheirismo. Mas, não deixe para depois. Depois é um tempo sempre duvidoso. Depois é distante daqui. Depois é sei lá..."
Ana Jácomo
Diga a sua gratidão. O seu contentamento. A festa que acontece em você toda vez que lembra que o outro existe. E se for muito difícil dizer com palavras, diga de outras maneiras que também possam ser ouvidas. Prepare surpresas.
Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas. Reinaugure gestos de companheirismo. Mas, não deixe para depois. Depois é um tempo sempre duvidoso. Depois é distante daqui. Depois é sei lá..."
Ana Jácomo
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